Vereadora mais votada em Criciúma em 2020, Roseli De Lucca, do PSDB, é agora a segunda mulher na história a ser eleita presidente da Câmara da cidade. Ela foi eleita por unanimidade e na entrevista que concedeu ao blog, antecipou que pessoalmente acredita que a sede do Legislativo não está em um local adequado. A mudança da sede da Câmara de Vereadores de Criciúma esteve na pauta da maioria dos presidentes recentes da Casa, mas nenhum conseguiu concretizar a meta. Roseli pretende levar o assunto à Mesa Diretora da Câmara e aos demais vereadores para então tomar uma decisão sobre o assunto. Ao ser questionada sobre a possibilidade de ser candidata a prefeita, Roseli deixa a resposta sob suspense, afirma que não é política profissional e explica a diferença.
Presidente um pouco de sua história e da decisão de entrar na política…
Minha história na política começa com a minha família. A família de Lucca sempre participou, sempre ajudaram as pessoas e sempre no PP, na época do Ademar Ghisi, do Altair Guidi…
E nessa época a sra também já participava ajudando em campanhas?
Aí eu comecei a ajudar porque eu tive inclusive uma irmã que foi presidente do PP aqui de Criciúma, presidente do PP Mulher e comecei a ir junto com ela, fazer a campanha pro Altair Guidi e fui me envolvendo. Com o tempo fui convidada para ir pro PSDB, fui e depois o Clésio Salvaro foi para o PSDB. Eu gosto da política. A partir daí, o Clésio e o Dóia sempre acreditaram muito em mim, na época, logo que eles vieram, pediram para eu ser presidente da Comissão Provisória que ele instituiu o diretório quando ele foi. Então na época até tivemos um certo problema com o pessoal mais antigo do PSDB, mas eu sempre estive ali firme e o que apareceu para mim dentro da política eu nunca disse não. Diziam Roseli seja presidente do PSDB Mulher, eu fui, presidente do partido na época fui, agora há alguns anos fui novamente e depois o prefeito me convidou para ser secretária de Educação. Depois me pediu para eu ser candidata. Aí eu não queria. Eu sempre gostei muito de trabalhar para os outros, não para mim.. mas daí eu fui…
Mas então não estava no seu plano ser candidata a vereadora?
Não inclusive eu disse para ele: eu vou, mas se eu me eleger, vou entregar o mandato para ti e eu quero voltar a ser secretária de educação.
E esse é um desejo ainda hoje?
Não. Foi na época aí deu tudo aquilo com nosso prefeito, que ele não conseguiu assumir, mas eu sempre continuei apoiando ele. E depois ele foi candidato novamente, pediu para eu ser, também resisti, mas fui. Daí fiquei como primeira suplente e ele me convidou para a secretaria de educação. Resisti em ir para a secretaria, não queria..porque eu disse para ele que eu queria estar aqui na Câmara, queria ter essa experiência mas daí ele me convenceu. Fui e não me arrependi. Fizemos um trabalho muito de organização da secretaria, muitas coisas que eram feitas de maneira arcaica e eu como era do estado, já havia trabalhado na secretaria de educação em Florianópolis, comecei a fazer algumas mudanças. E a secretaria de educação então é o que é hoje. Depois disso, foi a primeira vez que eu disse: eu quero ser candidata. Aí fui, trabalhamos muito e fui a mais votada.
Havia uma meta de ser a mais votada de Criciúma?
Nós tínhamos a meta de fazer uma grande votação. A gente sentia , quando pedia voto para as pessoas que elas diziam: Roseli eu conheço o teu trabalho. E a minha campanha sempre foi de convencer as pessoas. Eu não tinha cabo eleitoral pago, sabe aquelas coisas da política antiga? Nunca tive isso. Mas quando tu entra, trabalha para ser o primeiro, e assim nós trabalhamos e chegamos em primeiro.
Qual o plano para esse um ano no comando do Legislativo?
Não vou dizer que em um ano dá para fazer muitas coisas mas é um acordo que se tem, de cada um ficar um ano, então tudo certo e nós vamos começar agora a conhecer a fundo como tudo funciona. Faremos isso nesse mês de janeiro e vamos fazer reunião com a mesa e com os vereadores para pontuar e ver.
A nova sede da Câmara é um assunto que já esteve em pauta em outras ocasiões…
Então isso nós vamos ver com os vereadores. Vocês querem que vamos atrás? Se os vereadores a maioria disser vamos… eu vou. Se disserem deixa assim, vamos repensar.
Essa questão foi bandeira de vários presidentes mas ninguém conseguiu tirar a Câmara da atual sede. Na sua opinião pessoal, a Câmara está num lugar adequado, tem que mudar? Qual a sua opinião pessoal?
Na minha opinião pessoal a Câmara não está em um lugar adequado. Ela deveria ir para uma sede própria. Apesar de o sexto andar aqui ser da Câmara de Vereadores, a maioria dos gabinetes são alugados. Então eu nunca gostei muito desse negócio de aluguel porque parece que é muito provisório as coisas né? Então se perguntasse para a Roseli, eu acho que deveria ir para um outro local.
Para isso virar uma bandeira no entanto, é preciso que tenha o aval dos outros vereadores?
Sim, primeiro da mesa e eu vou sentar com eles, porque também eu não quero ser mais uma. Por exemplo, o Miri foi, conseguiu a sede e agora o local foi para a Secretaria de Educação. Voltou à estaca zero. Não sei se a época o projeto que foi feito foi muito arrojado que o prefeito dizia: não, mas oito milhões para terminar é muito caro e tal.
A sra afirma que sempre gostou de política e sempre foi um soldado do partido. O prefeito Salvaro, na entrevista que fiz com ele, afirmou que o maior projeto dele é eleger o seu sucessor. Se hoje ele dissesse Roseli eu quero que sejas candidata a prefeita. Isso está no teu plano?
Eu não gosto de pensar política lá na frente. Na minha campanha eu dizia vou me eleger, e vou para a Câmara de Vereadores. Porque tinha gente que dizia assim: não vota na Roseli porque ela vai se candidatar e vai voltar para secretaria de educação. E eu disse para o prefeito: eu vou ser candidata mas não quero mais voltar para a secretaria. Agora na próxima eleição o que a Roseli vai fazer, a Roseli não pensou e foi um propósito que eu fiz e que eu disse para as pessoas: eu não vou trabalhar pensando na eleição porque parece que tudo o que tu faz é para o voto daqui pouco e eu não gosto disso. Então se eu começar a pensar ah vou ser candidata a prefeita, a vice, a vereadora… não sei. Eu sempre digo que a minha vida fora da política é muito boa, estável. Então, eu estou na política porque eu gosto. Eu não sou política profissional.
E qual é a diferença?
A diferença é que eu sempre fui professora, eu fui secretária, eu tenho meu salário fora daqui, então eu não dependo de salário para ser vereador. E tem pessoas não, que são políticos profissionais, que se um dia pararem, tem que começar do zero. Eu não, se eu parar, parei e pronto. Muitas pessoas tem a vida profissional e tem a vida política. Outras só tem a vida política. Então, essa é a diferença que eu acho.
Como alguém que gosta de política e filiada ao PSDB, como a sra vê o partido para as eleições estaduais deste ano?
Eu gostaria que o candidato ao governo fosse o nosso prefeito Clésio Salvaro porque eu acho ele fantástico na gestão, mas ele também tem um ideal muito grande para Criciúma, ele está com muitos projetos para cá. Então por outro lado, como criciumense eu quero que ele termine tudo o que ele começou. O Merísio tem essa conversa que se o Dória ganhasse ele não concorreria. Temos a deputada Geovânia que acho ela fantástica, um excelente nome também…
Mas na sua opinião, o PSDB terá um candidato, precisa ter, ou talvez possa estar em uma coligação?
Eu não estou acompanhando essas articulações mas o que eu escuto é que tem alguém querendo o PSDB em alguma tríplice aliança. Que eu saiba, tem muitas conversações… Mas eu acho que um partido tem que ter um candidato a majoritária. O que eu acho que fortalece um partido, para mim, é um candidato a governo ou a vice. Tipo as prévias entre o Dória e o Eduardo Leite. Aquilo movimentou o PSDB. Acho que foi uma jogada inteligente. Porque quem gosta de política, gosta realmente da campanha, gosta de pedir voto, gosta disso. E se não acontece movimentação tu fica parado. Se o partido não tem candidato ao governo tu fica parado porque uma coisa é fazer campanha para um governador, para um vice, outra é participar de uma aliança.Mas eu acho que tudo isso também aqui em Santa Catarina vai passar pela estratégia do Dória, se o Dória vai arregaçar a manga e dizer: eu vou ser candidato, eu vou atrás. Porque eu acho que o Dória é um lutador e quando ele coloca uma coisa na cabeça ele vai. Então ele vai provavelmente querer um palanque em Santa Catarina. Então eu acho que passa pela eleição nacional, pelo Dória e pelo que ele vai fazer.
(Com foto/Gabriel Mendes/Câmara Criciúma)