O fato político da presença do prefeito de Chapecó, João Rodrigues em Criciúma nesta quinta-feira (29), foi a conversa reservada na casa da deputada federal Júlia Zanatta. A deputada é do PL, partido do governador Jorginho Mello, principal adversário de João Rodrigues na disputa pelo governo de Santa Catarina.
Mais que isso, Júlia é elo de ligação de Santa Catarina com a família Bolsonaro, em um estado que vota majoritariamente na direita. Na entrevista que concedeu ao blog logo após a conversa com a deputada, o prefeito João Rodrigues detalhou o diálogo e confirmou convite para Júlia compor em eventual chapa com ele em 2026.
A conversa de bastidores é que ela possa se filiar ao PP mas o convite para que ela se filie ao PSD também foi formalizado na reunião desta quinta-feira.
Na entrevista, João Rodrigues também falou sobre o projeto para retirar pessoas em situação de rua em Chapecó e que envolve a internação involuntária. “Hoje Chapecó não tem morador em situação de rua”, enfatizou.

Deputada Júlia Zanatta recebeu o pré-candidato ao governo de SC pelo PSD, João Rodrigues nesta quinta-feira (29)
Leia e entrevista na íntegra:
Prefeito o sr tem uma bandeira que é a questão das pessoas em situação de rua. Caso o sr estivesse no governo de Santa Catarina hoje, o sr repetiria o mesmo projeto que fez em Chapecó ou teria ajuste?
Tem que ser um programa de estado. Não é um prefeito individualmente que tem que combater um assunto que migra. Eu faria um projeto de estado. De que maneira? Da mesma forma que fiz em Chapecó. Primeiro comprando as vagas em clínicas para fazer os internamento, segundo reativando hospitais que foram fechados porque foram inviabilizados financeiramente somente para tratamentos para dependentes químicos e também terceiro criando as colônias. Colônias que eu digo não é um sistema prisional é como fiz em Chapecó, comprei uma estrutura do interior, que era de uma igreja de retiro espiritual e transformou em uma casa da acolhida.
Mas prefeito isso não esbarra em questões legais. Porque quando se fala em internação involuntária há várias questões que são levantadas inclusive sobre a legalidade… Como o sr fez em Chapecó?
Eu fiz o que a lei permite. Porque o internamento compulsório você pode fazer. Desde que você tenha uma prescrição médica, que indique isso ou autorização familiar. Então, você monta uma equipe multidisciplinar que entenda que aquele dependente químico que está em rua ele precisa de um tratamento . E aí, obviamente quando eu tenho isso eu compartilho como o Ministério Público, compartilho com o judiciário. Eu já tive dezenas de denúncias todas arquivadas pelo Ministério Público. Por isso que hoje quando monto no interior não é um sistema fechado, é com liberdade. Agora ele é distante do perímetros urbanos. Como é que se faz hoje por exemplo em Floripa . Você tem o POP, o ambiente deles lá. Mas é dentro da cidade. Come, bebe e dorme, acorda e se droga, volta a comer, beber e dormir. Não. Tu tens que dificultar. Você tem que deixar o alcoólatra longe da garrafa, o drogado longe da droga. E aí tem que fazer o trabalho: Tratamento, convencimento, acompanhamento, inclusão , capacitação. Isso é uma bola de neve. Eu fiz cinco anos . Hoje Chapecó não morador em situação de rua. O que tem esporadicamente que vai surgir hoje a noite: dois, três quatro que tem casa, que vão para a rua. E esses assim identificados são levados para a casa da Acolhida . Então é por isso que chegou. Uma cidade de 300 mil habitantes poder dizer que não tem. Tem é isso. Entra mas não fica na rua. Imediatamente eu faço o acolhimento. Dos acolhidos, de cada dez sete quer ficar. Três se rebelam. Aí eu faço o internamento involuntário.
O sr é do PSD e tem apoio fechado do partido para sua pré-candidatura ao governo de Santa Catarina. Prova disso são as declarações de lideranças do partido em Santa Catarina e nacional, como o presidente Gilberto Kassab. Mas uma eleição não se ganha sozinho. Quem são seus parceiros. Quem o sr busca?
Primeiro fato é o partido, que me dá condições de ser candidato. O segundo é o povo. A minha prioridade não é cativar siglas partidárias . A questão do alinhamento político-partidário é consequência de um projeto que tenha viabilidade. Ninguém se aproxima de um candidato que não tem viabilidade nenhuma. Nesse momento você tem um governo que tem uma estrutura, que tem muito a oferecer como moeda de troca. E tem uma candidatura alternativa que não tem nada para dar a não ser um projeto. Por isso, a razão de nós fazermos o que? Buscarmos o apoio do cidadão, do eleitor, das pessoas, da população. Agora, nós temos conversas adiantadas com o União Brasil/PP. Com seus deputados, com seus líderes. Conversas bem encaminhadas. Integrantes do MDB da velha guarda praticamente é unânime no projeto conosco. Do PL nós temos também. Ex-prefeitos , ex-vice-prefeitos, ex-presidentes do partido…
Seriam dissidentes?
Dissidentes, muitos…que não estão no mandato.Que não tem mais mandato. Então, o que a gente está construindo é uma aliança a priori com o povo. Essa é nossa prioridade, é o eleitor. Agora, é claro, nós não vamos deixar de conversar com os partidos. Vamos manter esse diálogo até o momento em que se decidam as coisas. Quando você tem um governo e para você ter alguém tu tens que dar alguma coisa, é sinal que as coisas não vão bem. Quando você vai bem, não precisa disso.
O sr falou em União Brasil e PP, que é a Federação.Essa seria então a principal conversa que o sr tem fora do PSD…
A principal conversa.
Mas nós vemos que o governador Jorginho Mello também tem conversas com líderes da Federação. Teve inclusive reunião nesta semana com a bancada do PP. Mas o sr conversa com quem do PP?
Com os deputados estaduais, os três e do União Brasil com os deputados estaduais e com o deputado federal Fábio Schiochet. Na liderança é isso. Com deputados estaduais e federais.
Fala-se muito no ex-prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro como uma possibilidade de vice para o sr. Mas seria uma chapa pura…
Não teria medo disso não. Até porque o eleitor vota em projeto. E você ter o Clésio, uma liderança do Sul do estado, um prefeito muito bem aprovado que tem essa força… e eu também tenho as pessoas que simpatizam com nosso projeto no Oeste, o que me deu 83,6% dos votos na reeleição a prefeito e também na região temos uma adesão muito forte. Ninguém tem isso que nós temos. Nós temos isso. Os demais não têm. Não têm o equilíbrio de região, força regional. Os demais que é o caso é o atual governador, é a força de governo em todo o estado, mas não em uma região. É equilibrada no estado. Isso pode cair, como pode crescer. É o fato de momento. Então esse privilégio de ter uma candidatura com um prefeito bem avaliado como o Clésio foi, experiente na política e eu com experiência, acho que isso já é um projeto que podemos oferecer: a experiência e capacidade de gestão. Mas nós não temos nada fechado. O que temos é esse encaminhamento que pode redundar nisso e que seria muito bom. Agora quando você faz uma opção de uma aliança, sempre tem que deixar o espaço aberto para o aliado. Então vamos nos manter conversando até o prazo certo.
O sr acabou de sair de um café com a deputada Júlia Zanatta na casa dela. A deputada é um expoente do PL, ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Como é que foi essa conversa?
Muito boa. Até porque temos uma relação de respeito, alinhamento semelhante, um pouco mais um pouco menos. Respeito e acho ela uma grande deputada. Fomos fazer uma visita de cortesia e ao mesmo tempo um convite a ela também…
Qual o convite?
Nós lançamos a EFAPI ontem e aproveitei para fazer o convite para que ela esteja lá durante a Feira em outubro, que é uma das maiores Feiras do Brasil. E claro que o assunto na mesa também foi a política. Falamos de projeto, projeto nacional do presidente Bolsonaro, dos caminhos dos que a gente deve seguir. Foi uma conversa muito amistosa, muito produtiva.
A deputada tem apoios para ser candidata ao senado. Isso entrou na pauta da conversa? Teria espaço para ela na sua chapa?
Sempre bem-vinda. Ela, o perfil dela sempre é bem vindo. Até porque o nosso projeto, que queremos consolidar, são as candidaturas ao senado alinhadas com o presidente Jair Bolsonaro. Quem quer que seja o candidato tem que ter esse alinhamento. Se não tiver não participa.
Existe uma conversa para que a deputada se filie ao PP. Isso também entrou na conversa?
Não até porque isso é um assunto dela né…
Mas ela não estaria em um projeto com o sr caso ela esteja no PL até porque o PL tem outro candidato…
A porta a gente deixou aberta. Se ela desejar estar conosco , se filiar…
Então ela pode ir para o PSD?
Pode ir para o PSD, se ela desejar… Mas isso ela não criou essa expectativa, muito pelo contrário. Falou que está no PL, falou da lealdade ao presidente Bolsonaro que é dela, minha e de todo mundo. Mas ela é uma pessoa pela qual temos um carinho, temos um respeito. Se ela desejar vr para o PSD ou qualquer partido que ela escolha que esteja conosco teria vaga garantida conosco.
O evento da próxima semana em Criciúma: lideranças de outros partidos participam? O sr convidou alguém do União /PP. Convidou a deputada Júlia?
Sim, nós convidamos o União Brasil, deverão comparecer alguns deputados do União Brasil, provavelmente teremos alguns deputados do PP também. Fizemos o convite à Júlia, creio que por razões óbvias ela não estaria presente até porque ela é filiada a um partido político, ela não é rompida com o governo e ela é uma deputada do PL, então nós temos que respeitar essa situação partidária. Não estará presente com certeza. Até porque é uma questão óbvia né? A partir do momento que ela estiver ela rompe, quebra a ponte e não é hora de quebrar pontes.
Mas a deputada do PL, tem um pré-candidato ao governo que é do PL e ela recebeu o sr para uma conversa. O sr falou antes em dissidentes do PL. O sr considera que ela também é dissidente?
Eu entendo que ela está insatisfeita no partido pela maneiras que as coisas ocorrem lá. Não posso falar com toda a propriedade porque não sei a relação interna mas eu sei o que é de imprensa ,o que tem sido publicado sistematicamente. Então, é uma pessoa que a gente faz o convite para ela fazer a sua escolha. Não forçado, sem atingir ou atacar o governo, não estamos fazendo isso. É uma escolha, Estamos dando uma porta e se ela desejar, é muito bem vinda.
Sua expectativa de público para o próximo dia 5 de junho em Criciúma:
Olha pela liderança do prefeito Clésio Salvaro, do Vaguinho, do Neguinho, dos prefeitos da região, do deputado Júlio a gente acredita que vai dar um bom público, que seria um excelente público mil pessoas, mil e quinhentas pessoas em um momento fora do processo eleitoral e sem governo. Então, dando isso a gente considera um grande sucesso.
O sr espera o presidente do União Brasil, Fábio Schiochet no evento?
Foi convidado. Nos disse que provavelmente viria, a não ser que haja algum imprevisto. Porque ele já esteve em Chapecó, já participou do lançamento e afirmou seu posicionamento. Agora poderá vir como não, depende das agendas.
E o senador Esperidião Amin?
Tive uma conversa boa com ele faz umas duas semanas mas não acredito que esteja presente ainda por que o senador ele está conversando de ordem individual, ele ainda não fez a reunião do PP, do União Brasil. Ele ainda não tomou uma decisão e a decisão que ele vai tomar será junto com seus correligionários e lideranças. Mas o PP foi convidado. Acredito que um ou dois deputados possam estar com a gente