Com a campanha voltada principalmente a propostas relativas ao setor saúde, o candidato do MDB a prefeitura de Criciúma, médico Aníbal Dário e a vice, Lisiane Tuon, que já foi Gerente Regional de Saúde preferiram responder juntos a questionamentos feitos pelo site. Na entrevista, além de explicar propostas como zerar a fila de espera , avaliaram que o eleitor está diferente, mais exigente e alfinetaram o prefeito Clésio Salvaro. Funcionário público muncipal há 23 anos, Aníbal informou que frequentemente faltam requisições para exames nos Postos de Saúde da cidade.
Vocês dizem que essa é uma eleição diferente. Afinal, o que há de diferente?
Aníbal – Eu acho que o eleitor está mais consciente, a política da aparência não está mais colando tanto, ainda influencia mas muito menos que antes. O eleitor quer mais profundidade, tentar um voto mais consciente, mais seletivo, e o eleitor está buscando um perfil de quem ele tenha o mínimo de segurança na hora de votar. O partido parece que ficou em segundo plano, os nomes estão em primeiro plano. Até os partidos que se diziam da renovação, da nova política tiveram problemas. O eleitor não enxerga grande diferença em partido hoje.
Lisi – Vejo que a pandemia mudou o perfil das pessoas, o olhar das pessoas então é bem isso que o Aníbal fala. As pessoas estão preocupadas muito mais que ter uma obra, o asfalto. Elas estão preocupadas em ter a saúde e a educação. E a pandemia mostrou para elas que a saúde e a educação precisam ser melhoradas. Isso que a gente vê. O eleitor está muito criterioso. Ele quer saber qual a tua proposta, o que efetivamente vai ser feito. Ele está analisando como se fosse um empoderamento: eu consigo mudar. E não está mais tão influenciado pelas pesquisas.
O que é uma política de aparência?
Aníbal – Vou te falar um fato que eu ouvia de criança. Aquela história que o que dá voto é obra que aparece e obra que não aparece não dá voto. Então hoje se fazer um campanha baseada na aparência , vamos fazer uma comparação do esgoto com o asfalto. Acho que quem aposta muito na aparência corre o risco de se dar mal nessa ,, tem que ter consistência, um bom plano de governo e fazer a pessoa entender que as obras que não aparecem são tão importantes quanto as que aparecem.
Vocês falam muito na campanha na questão saúde e principalmente em, zerar essa fila que existe hoje para consultas. Como fazer isso?
Aníbal – Temos que contratar serviços. São medidas a curto prazo. Se queremos reduzir rapidamente a fila há necessidade de contratação e há viabilidade de contratar serviço. Existe um despesa na secretaria de saúde que consome um milhão por ano só com cargos… 45 cargos.
Lisi – O Observatório Social de 2019 deixa isso bem claro, sobre os 45 cargos. Quando a gente fala em contratar serviço o que a gente vê na mídia? Zerei fila de tomografia. Não adianta nada zerar a fila de tomografia se não tem o retorno com o médico especialista e nem a cirurgia agendada , que é o que acontece hoje. Já vi isso na minha experiência de gerente de saúde. A pessoa tem um exame há cinco anos pronto e a cirurgia não veio. Quando a gente fala em reorganizar é reorganizar a sequência.
Vocês pretendem fazer concursos?
Aníbal – Nós enxergamos o concurso como uma necessidade mas com o concursado ciente que terá que trabalhar dentro de metas e objetivos . Não é porque é concursado que a vida está ganha. Terá que apresentar resultados. O concurso é uma forma de estabilizar e proteger o profissional da questão política. O comissionado fica muito e mercê de decisões políticas. O concursado menos. Fui buscar informações no mundo a respeito de concurso. A referência nossa é os Estados Unidos. Fui tirar essa dúvida se nos Estados Unidos tem concurso. Tem tanto como o Brasil. Concurso não é um dano. Muito pelo contrário. Na medida certa deve ser feito.
Lisi- Mas voltando a questão saúde. Penso que a grande inovação que propõe a nossa gestão é a construção de pelo menos quatro centros de especialidade de cuidados de condições crônicas com equipes multiprofissionais.
Mas hoje em Criciúma se discute muito desde a época do governo de Décio Góes, o número de postos como muitos e em determinadas situações tidos como ineficientes. Vocês pensam em fazer uma reengenharia disso?
Não. E Fundamento muito tranquilamente essa tese. Historicamente Criciúma teve esse número alto de postos de saúde, Estou há 23 anos no serviço público e há 23 anos é assim e isso nunca ameaçou o equilíbrio e nem a saúde financeira dos postos de saúde. Não é esse número de postos que compromete o orçamento da saúde. Muito pelo contrário. Hoje a população de Criciúma está envelhecendo então o idoso hoje para procurar assistência em unidades de saúde, precisa se deslocar. Se está próximo da casa ele vai sozinho. Se distancia, vai ter mais dificuldades de deslocamento. Na minha visão é equivocado avaliar que as unidades de saúde estão em excesso. Aí se fala em Joinville que tem menos. Só que Joinville tem duas ou três equipes no mesmo prédio e com maior tamanho. O número de equipes é proporcional a Criciúma. Em questão de resolutividade existem estudos que 80% dos problemas de saúde são de baixa complexidade. Então uma unidade básica de saúde ela é feita principalmente para absolver essa demanda e nessa função consegue alta resolutividade dentro desses 80%. O que está faltando? As condições básicas de trabalho. Eu vivi nos últimos anos isso basicamente a cota de exames. Com isso, eleva-se muito a resolutividade sem elevar muito a despesa para o município.
E falta isso nos postos de saúde?
Coincidentemente de seis meses para cá falta menos mas a médias dos quatro anos , eu sou prova disso, muitas vezes eu ligava para a prefeitura, mandava solicitação que não aumentasse a cota e não aumentava a cota. Então de uns seis meses para cá mudou. Coincidência eleitoral eu não sei mas a média histórica é baixa de resolutividade de atenção básica.