O deputado estadual Jessé Lopes, é uma as lideranças do PSL com um pé no PTB mas que na última semana “colocou o bode na sala” depois das declarações do presidente nacional da sigla, Roberto Jefferson. Na entrevista que concedeu ao site na tarde desta segunda-feira, ele deixou implícito no entanto que prefere o PTB mas para que consolide a filiação, precisa que o partido tenha condições de legenda. Na entrevista, Jessé reafirmou que estará com o candidato ao governo que o presidente Jair Bolsonaro apoiar, disse que Jorginho Mello não representa o novo, criticou o Governador Moisés e falou também de sua proposta de aumento linear para o setor de segurança pública que pelos encaminhamentos, não deve ser levada a plenário.
Como o sr avalia que será o perfil que o eleitor vai preferir nas eleições do próximo ano? Porque em 2018 tinha muito essa questão do novo, O novo que gerou a onda… E em 2022, qual será o perfil?
Eu penso que as pessoas sempre vão buscar o novo. Não é porque se decepcionaram com pessoas que não vão buscar o novo. Mas as pessoas não conseguem definir muito bem o que é o novo. Quando se pergunta sobre o que é o novo, um fala uma coisa, outro fala outra… não existe uma definição. É bem difícil. Eu acredito que o Bolsonaro ele representa um valor. Ele falava em não fazer negociatas mas as pessoas puderam observar que não é fácil, uma vez que temos um parlamento que é oposição…
O sr considera que o sistema de governo no Brasil é um parlamentarismo disfarçado?
De certa forma. Isso não precisa nem ir longe… Pode observar aqui em Santa Catarina também. Por exemplo no impeachment do Governador Moisés. Tinha dois processos bem encaminhados. A maioria para derrubar o Moisés. O Moisés foi lá, negociou com os caras e os mesmos caras que fizeram o relatório contra, nos dois processos, depois foram os que votaram contra seu próprio relatório salvando ele e após isso ou durante isso, ocuparam cargos em Secretarias. Ficou muito nítido que várias questões dependem muito do parlamento. Um poder importante mas as vezes usado de forma indevida…
Mas então o sr está dizendo que o Governador só não foi cassado por uma negociata?
Com certeza. Principalmente no segundo processo, onde os seis desembargadores votaram contra o Moisés e quatro deputados o salvaram.
O cenário estadual. Temos o senador Jorginho Mello como o pré-candidato ao governo ” do presidente Bolsonaro” . Ele é o seu candidato?
Eu vou apoiar quem o Bolsonaro apoiar. Quem sou eu para “disdizer”ele. Eu entendo ele como líder do movimento, de um projeto conservador. Então, se ele apoiar fulano a gente vai apoiar. O Jorginho não é nenhum novo. É um cara aparentemente honesto, não tem nada que desabone mas não acredito que venha para fazer uma política nova. Acredito que ele venha para fazer uma política que no mínimo seja decente.
O senador convidou o sr para se filiar ao PL?
Eu tenho as portas abertas. Nós já conversamos lá atrás, ele nos convidou para fazer parte do projeto do PL e eu nunca disse que não. A conversa está em aberto. Só que eu gosto muito do PTB por questões estatutárias. Tem um estatuto mais de direita com essa nova reformulação e me agrada mais. Porém, precisa buscar legenda. Sabemos que sozinho, fazer o voto necessário para estar lá é quase impossível então a gente precisa trabalhar partidos que tenham legenda e é isso que eu exijo do PTB. Que a estadual, projetem bons candidatos para podermos ter uma projeção de eleger dois a três estaduais do partido.
Nesta tarde de segunda-feira, pipocam informações que o presidente Bolsonaro vai se filiar ao PL. Isso não inclinaria o sr a se filiar ao PL?
Como não vai ter essa onda, não acredito que esteja de total necessidade. Eu preciso estar em um partido que faça legenda.Se o PTB construir bons candidatos e bons apoiadores para o partido, não tem necessidade de trocar e até vou estar em um partido que é mais alinhado ao que eu acredito, na questão de cor, as cores do brasil, e também de estatuto.Agora se não for possível essa construção, eu avaliar que a legenda não me inspira confiança, é possível outras conversas. Eu acredito no projeto, acredito no Kennedy e de qualquer forma estamos trabalhando. A janela é em março. A minha ideia hoje é estar no PTB. Mas sempre agradeço as janelas que o Jorginho Mello deixou em aberto para nós também.
O sr fala muito em seu mandato, da economia que fez no gabinete. Isso deve ser o mote de sua campanha para a reeleição?
Isso ai foi uma bandeira de campanha e eu fiz o que eu prometi fazer. Abri mão do que eu avalio como privilégios e isso fez que até o mês passado desde o início do mandato eu contabilizei R$ 3 milhões em economia. Falta mais um ano ainda de mandato então já teve essa economia . Isso é para mostrar que dá para fazer diferente. Eu não faço nada a menos que outros. Ao contrário me sinto bem mais participativo que a grande maioria dos deputados. Participo das sessões, sou dos que mais subiu no púlpito para falar. Vou em todas as Comissões que participo. Acho que isso que é ser parlamentar.
E esse projeto do aumento linear para o setor de segurança pública?
Uma das minhas bandeiras é a segurança pública. Eu defendo principalmente a Segurança Pública no sentido ostensivo. O trabalho de rua dos policiais. E quem está mais na rua são os Praças, o pessoal do baixo escalão ali. Não que também não tenham oficiais que trabalham em operacionais mas no geral são eles. Nós estamos falando de uma reposição inflacionária. Quem que sente mais a inflação? Quem ganha menos né? Então esse pessoal aí que trabalha na viatura, que é o soldado, a gente poderia nesse momento de pandemia valorizar mais eles. Então, a proposta do Governo, de forma geral, dá uma proposta de R$ 5,6 mil para quem já ganha R$ 26, R$ 27 mil e dá uma reposição de R$ 1,4 mil para quem ganha R$ 4 mil e pouco.Que que eu fiz? Eu peguei todo o orçamento disponibilizado e dividi igual. Ficou um valor de R$ 2160,00 para todos. Nessa divisão, a minha proposta contempla 3/4 de toda a segurança pública. Polícia Militar, Civil, IGP e Bombeiro Militar. Então, 3/4 são contemplados. Vão ganhar mais com a min ha proposta do que com a proposta do governo.
E qual a dificuldade que o sr enfrenta?
Primeiro que é uma proposta do governo e ele quer que passe daquele jeito. Tem aquela questão política. Eles também não querem que eu vença alguma coisa dentro do parlamento. Os deputados dizem pra mim “eu sou a favor mas não posso apoiar porque tem a questão política”. Então, eles estão matando no ninho essa proposta.